Uma vez eu disse que o cinema francês era coisa para nunca me chamar a atenção e que era desinteressante...
Passado algum (talvez pouco) tempo, apaixonei-me por três filmes franceses:
- O Fabuloso Destino de Amélie
- Um Longo Domingo de Noivado
- Táxi (a saga completa, pois claro!)
Isto são coisas que me acontecem: dizer que "ah é tal, não gosto" e acabar por gostar.
Não digo que aconteceu o mesmo com o cinema português mas ninguém pode negar que já pensou "o filme é português, não há-de ser grande coisa".
Mas, por vezes, as boas surpresas também acontecem...
Rodrigo Guedes de Carvalho (sim, aquele que apresenta as notícias na Sic) escreveu uns quantos livros e, desses quantos livros, eu li todos! Quando soube que ele tinha escrito um guião para um filme, fiquei empolgada... Quando soube que o filme era de terror, fiquei entusiasmada...
Isto aconteceu em 2006 mas, cá para mim, o filme será eterno.
"Coisa Ruim" que de ruim não tem nada!
Começando por quem escreveu (o Rodrigo), passando por quem realizou (Tiago Guedes, que é irmão do Rodrigo, e Frederico Serra), sem esquecer os actores (Adriano Luz, Manuela Couto, Afonso Pimental, etc.) e acabando na própria da história...
"Coisa Ruim", é dos meus filmes preferidos!
Segundo a wikipédia:
"Coisa Ruim (2006) é um filme português, realizado por Tiago Guedes e Frederico Serra, que fala sobre possessão demoníaca, explorando crenças, superstições, cepticismos, medos e desconfianças, no contexto de uma pequena aldeia. Tem sido considerado o primeiro filme de terror de Portugal."
Na opinião da Premiere:
"Os realizadores levam sugestões de medo para um campo do real, de um confronto entre a lógica e a crença. E todo esse processo é feito com distinção, sem precipitações e com uma precisão analítica (...) COISA RUIM, mesmo sem querer cortar com nada no cinema português, acaba por ser um tónico significativo de ideias novas."
No site lábiosdesilêncip.wordpress.com lê-se:
"Coisa Ruim podia começar assim: «senhoras e senhores, pois sejam muito bem-vindos ao primeiro capítulo da história do cinema fantástico português». (...) A obra de Tiago Guedes e Frederico Serra não devia ser cinema nacional. (...) Película que nasceu, definitivamente, num país que não é o seu. Para já."
Alguns resumos:
"Uma família citadina e moderna vai aprender que o preconceito nasce quase sempre da ignorância. Uma família que tenta disfarçar várias rotas de colisão interna, que experiências desconhecidas vêm revelar e acelerar. Uma casa longínqua, recebida por herança, abriga um universo inquietante. Confrontam-se com vivências baseadas no temor de pecados por pagar. Um mundo que aparentemente fala a nossa língua, mas que se exprime numa outra linguagem. Chamem-lhe lendas, folclore. Mas percebem que há lugares onde os vivos sabem que há mortos que não se apagam. Que às vezes se chama Diabo à fúria de um Deus zangado. E é perante um precipício inesperado que começam a resvalar todas as certezas. Que um homem e uma mulher são obrigados a encarar o seu casamento. Irmãos transportam segredos inconfessáveis. E um pai percebe, da maneira mais dolorosa, que nunca acompanhou devidamente os filhos. O Diabo? Talvez ande por lá mas não é uma força maligna, que cospe fogo pela noite. É talvez, apenas o medo que temos do amor."
“Coisa Ruim” começa com uma situação aparentemente normal; uma família lisboeta recebe como herança uma casa numa aldeia perto da Serra da Estrela e, devido à pressão exercida pelo chefe de família, decide mudar-se, abandonando tudo a que estava habituada até então. Todos partem, menos o filho mais velho que se prepara para um exame do curso de medicina. É então que começa a verdadeira acção do filme. Entre exorcismos e superstições tipicamente portuguesas, “Coisa Ruim” contrapõe esta realidade, que todos associam a locais perdidos no interior do país e a mentalidades fechadas, com pessoas cujos hábitos se baseiam num ambiente citadino e que se fundamentam em factos e na experimentação, já que o pai é Professor e o filho mais velho ambiciona ser médico. Esta oposição, aliada à forma como todo o filme se desenrola e acaba por nunca revelar demasiado de cada vez, consegue seduzir o espectador a querer confirmar o que vem a seguir, apesar de a história se ir revelando aos poucos. A este jogo de sedução não é alheia a forma como pequenas histórias são contadas até que se chegue àquela que verdadeiramente interessa."
Três cenas que saliento:
- quando a Lena ouve a voz do marido a chamar por ela e, no segundo seguinte, recebe uma chamada do marido a dizer que chega mais tarde a casa
- o filho mais novo quando está a jogar à bola e vê os filhos do Ismael (toda a família do Ismael estava morta, incluíndo o próprio Ismael)
- e, claro, quando o padre diz "Ismael? Vens-me buscar, Ismael?"
O trailler:
"Coisa Ruim" participou em treze festivais em vários países como no Canadá, Brasil, Alemanha, Roménia, Itália, Holanda, Luxemburgo, Espanha, etc.. Foi o filme de abertura do Fantasporto 2006.
Ganhou o Globo de Ouro para melhor filme.
Afonso Pimentel, que interpreta Rui, o filho mais velho, ganhou o Globo de Ouro para melhor actor e o Shooting Stars Award atribuído pela European Filmpromotion.
"- Padre, diga-me uma coisa. Isto sou eu, que estou uma pilha de nervos. Tem a ver com o tempo, com a região... Ou tem alguma coisa a ver com a casa?"
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