Domingo, 30.11.08

Odeio chegar à conclusão de que sou uma simples criança nas tuas mãos!

Todos os anos chega este dia em que não deixo de pensar em ti por um único segundo que seja... E sinto-me uma criança ansiosa que espera a vinda do Pai Natal na madrugada do dia 25 de Dezembro.

Mal consigo dormir, mal consigo esperar; mas a espera é sempre muita e eu passo grande parte do dia a pensar no que te leva a agir assim!

Odeio ser tão fraca ao ponto de quebrar as promessas e juras que me faço em claros momentos de consciência clara!

Todos os anos chega o dia em que eu digo que não vai ser como era antes, que não me vou rebaixar, que não vou ligar, que vai passar em claro; mas sou fraca demais para cumprir os objectivos que traço e deixo que o meu coração tenha vontade sobre mim e tu... Tu ganhas sempre!

Odeio que me faças odiar-te e odiar-me!

Odeio estar nesta ansiedade mas eu sei que é sempre assim e sou incapaz de aprender com os meus próprios erros... Odeio tanto isso!

Todos os anos chega o mês em que a contagem é decrescente até chegar o dia... Aquele dia que nunca deixávamos passar... Aquele dia em que eu te chamava à parte...

Lembras-te?

Sabes o que acontecia depois?

Odeio que isso não importe mais e que nada disto seja como era antes.

Odeio que não me trates mais por "menina" nem que te maravilhes com aquilo que eu te dizia e escrevia.

Odeio este dia!

Odeio ter de chegar a uma hora em que não resisto mais e deixo-me comandar pelos sentimentos!

Odeio!

Odeio que me faças odiar o mundo e odiar tudo o que possa existir!

Odeio ter este ódio!

Odeio que o Universo conspire para que eu não esqueça o dia de hoje.

Todos os anos chega o dia em que tudo me leva a ti... A música que dá no rádio, o filme que dá na televisão, a fotografia que alguém tirou, a frase que alguém disse... E eu ajo sem consciência, guiada pela força do coração!

Odeio-te!

Odeio-te por me fazeres amar-te tanto!

 

"PARABÉNS!"

 

 November Rain - Guns N' Roses

When I look into your eyes I can see a love restrained

But darlin' when I hold you don't you know I feel the same?

'Because nothing' last forever and we both know hearts can change

And it's hard to hold a candle in the cold November rain

 

We've been through this such a long long time just tryin' to kill the pain

But lovers always come and lovers always go

And no one's really sure who's lettin' go today, walking away

If we could take the time to lay it on the line

I could rest my head just knowin' that you were mine, all mine

 

So if you want to love me then darlin' don't refrain

Or I'll just end up walkin' in the cold November rain

 

Do you need some time...on your own

Do you need some time...all alone

Everybody needs some time...on their own

Don't you know you need some time...all alone

 

I know it's hard to keep an open heart

When even friends seem out to harm you

But if you could heal a broken heart

Wouldn't time be out to charm you

 

Sometimes I need some time...on my own

Sometimes I need some time...all alone

Everybody needs some time...on their own

Don't you know you need some time...all alone

 

And when your fears subside and shadows still remain

I know that you can love me when there's no one left to blame

So never mind the darkness we still can find a way

'Cause nothin' last forever even a cold November rain

 

Don't ya think that you need somebody

Don't ya think that you need someone

Everybody needs somebody

You're not the only one

You're not the only one

 


música november rain - guns n' roses

publicado por mafalda às 14:49 | link do post | comentar | ver comentários (10)

Quarta-feira, 23.04.08

 

As memórias voaram até mim como quem pede para ser recordado...

E tudo começou com "A Walk To Remember",

Seguiu-se "O Pequeno Rei Mário",

"O Teu Nome Escrito Com Arroz",

"Missing",

"Não Seria Mais Fácil Odiar?",

"Mordes-me O Coração"

E hoje eu sei,

Hoje tenho a certeza,

Não há volta a dar,

Pois "Em Ti Eu Acabo".

 

 Por muitos motivos, sejam eles quais forem, o coração tem boa memória.

 

Esta frase foi escrita pela minha querida amiga "Páginas Vivas",

Esta frase fez-me aterrar num mundo de assombrações,

Esta frase ecoa na minha alma como única verdade conhecida,

Esta frase...

Poderia ter sido escrita por mim!

 

Por que terá o coração tão boa memória?

Seria mais fácil clicar no botão "Apagar" e seguir como se nada tivesse acontecido.

Seria mais fácil se o próprio coração não se apegasse demasiado...

O coração deveria ser como as mãos: com função de agarrar e largar.

 

 

 

Ao olhar pela janela não consigo ver o mundo lá fora, apenas testemunho o meu reflexo que, por momentos, me assusta.

Ontem foi mais um dia, hoje será outro dia, amanhã a condenação continua.

Se tento dormir a tua imagem paira sobre mim como nuvem negra que não me deixa voar até às estrelas.

Pergunto-me se o teu sono é tranquilo... Se sonhas com os anjos e se vês a lua que brilha com a força de ninguém.

Quanto de ti há em mim?

Tenho uma corda ao pescoço... Uma corda que vai apertando à medida que o tempo passa.

E o tempo é de silêncio, é de sufoco.

A escuridão já não me permite ver aquela luzinha que sempre chamei de esperança; agora apenas vejo a minha sombra que, mesmo no escuro, pesa mais do que o medo.

Os meus dedos perderam a capacidade de escrever e a minha voz apenas chama pelo teu nome... A palavra que não sai do meu coração.

Não esqueço... Não é por não querer... É por não conseguir.

Esta noite desejei ir para outro lugar.

Passou tanto tempo desde a última vez que o desejei.

Talvez estivesse demasiado absorvida pelos sinais ocultos que me tens enviado.

Mas esta noite foi diferente.

Não sonhei contigo... Que alívio...

Sonhei com um salto infinito e eterno onde o meu grito era o único som do mundo.

Quando acordei senti-me a cair...

A cair...

A cair...

Sem chão!

Sem mão para agarrar!

A cair...

Sempre a cair.

Este meu tombo tem durado tempos aos quais perdi a conta mas sei que tem de parar, por uma vez.

O meu grito continua a sair das entranhas do meu corpo, e não mais é do que o teu nome saído como última esperança, única salvação que não chegará a salvar-me pois há muito tempo que te perdi.

Ou que me perdeste...

O sossego não passa de mais um engano da consciência mas eu deixo que a consciência me engane...

Deixo-me ser enganada só para não ter de enfrentar aquele tormento que fazes crescer em mim.

És o único inocente no meio desta história mas és também o único a culpar.

Os nossos contrastes contrários...

Estás em tudo... Estás em mim, estás naquilo que é meu, estás naquilo que eu quero que seja meu, até nas paredes, onde bato com a cabeça, tu estás.

Tentei lavar as ideias com a água que sai da torneira mas as imagens que me apertam o pensamento trouxeram-me o teu olhar em forma de gota.

Quero arrancar o meu próprio coração e sorrir ao vê-lo parar até não bater mais.

Fantasma...

Um fantasma é aquilo em que em me tornei e sei também que o és pois assombras cada passo que a custo tento dar.

O vento deixou de me acalmar. O vento passou a sussurrar palavras de destruição que tenho curiosidade

 em ouvir.

A chuva não refresca. A chuva só serve para que eu queira afogar-me ainda mais.

E o sol? O sol anda perdido. O sol pegou no calor e fugiu de mim.

A luz não me alcança e eu não quero alcançar a luz com medo de que ela me faça ver a minha cara, o meu rosto sofrível com olhar esquecido e perdido no centro do tempo.

Aqui, dentro de mim, não há ninguém.

As nuvens escuras são o meu espelho...

As nuvens escuras relatam o meu espírito pronto a entrar numa tempestade sem retorno.

Eu pensava que poderia começar em ti!

Hoje percebi que não há começo... O fim instalou-se no que ficou para trás... E fui eu quem ficou cá trás.

É em ti que acabo!

 



publicado por mafalda às 14:55 | link do post | comentar | ver comentários (26)

Terça-feira, 22.04.08

Em quantos vão?

Começou com o título de uma obra... "A Walk To Remember",

Passou por "O Pequeno Rei Mário",

"O Teu Nome Escrito Com Arroz",

"Missing" e

"Não Seria Mais Fácil Odiar?".

Não acaba por aqui...

 

Lembras-te do caderno?

Aquele caderno onde escrevi os textos que tão bem soubeste como criar em mim...

Continua guardado na gaveta... A terceira gaveta do lado esquerdo... É lá que te guardo.

Sabes como eu sou... Gosto sempre de escrever uma introdução.

Há sempre "a primeira parte", como lhe chamaste.

Se me condenassem à morte e, por consequente, tivesse a hipótese de realizar um último desejo, esse desejo seria o de ter a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, acabarias por ler o caderno.

Este caderno que hoje saiu da gaveta e me faz companhia nesta secretária que por tantas vezes me viu escrever o teu nome.

Não quero abri-lo... Não quero ler aquilo que realmente me és.

Mas não posso fugir disso...

Talvez a introdução seja a verdadeira essência.

Talvez a introdução seja um rápido resumo de tudo o que escrevi nas folhas seguintes.

Talvez leias a introdução e não te seja necessário ler mais.

 

Introdução:

 

"Não sei o que poderás pensar quando começares a ler, não sei se o chegarás a compreender.

Espero que sim.

Espero sempre que compreendas, que não leves a mal, que deixes passar.

A verdade é que nem eu sou capaz de explicar o porquê das frases, dos textos, da pressão, ou até mesmo do sentimento que tenho por ti e que não desaparece... Talvez eu queira que desapareça.

Se eu pudesse, começaria pelo fim.

Diria que estou grata por te ter e também diria que não tenho escolha, que não mando no coração.

E, pronto, era o ponto final.

Nada de explicações, de razões, ou motivos.

Mas há tanto por dizer.

Há tanto que quero que saibas.

Não sei por onde começar.

Talvez seja sensato começar por pedir-te desculpas.

Irás ler coisas menos simpáticas e, de alguma maneira, até chego a acusar-te (vai-se lá saber do quê).

É importante que saibas que são momentos, são sentimentos que me provocas, que vais provocando, e esta é a minha maneira de lidar com isso.

É o meu escape.

É tudo muito baseado na distância, no silêncio; exageros, é certo.

São mil pensamentos, mil sentimentos, que fizeste crescer em mim na inocência de seres quem és, como és.

Por vezes chega a ser ridículo, sem sentido, mas cada um desses textos tem um significado especial.

São passagens só nossas.

É por isso que tenho esta vontade toda de te oferecer essas palavras, seria egoísta se não o fizesse.

E entre o egoísmo e o constrangimento, escolhi o segundo.

É que, por muito contente que eu esteja em partilhar isto contigo, não deixo de sentir uma pontinha de vergonha.

Chega a ser engraçado.

As primeiras frases foram retiradas do livro "Morder-te O Coração" de Patrícia Reis; são frases tão adequadas que parecem assustar.

Depois vem uma série de distintas definições que tenho de ti, de mim sem ti, de nós (se é que posso utilizar esta palavra: "nós").

Não foi por acaso que escolhi este caderno aquela parte do "StarKid" tem tudo que ver contigo.

Cuida bem dele.

Não é que o que lá está escrito seja algo assim de tão extraordinário mas, acima de tudo, é muito pessoal.

Vou tentar entregar-to em mãos, será como uma das últimas frases que por ele se passeiam: "quero entregar a minha vida nas tuas mãos".

Resta-me dizer que isto não é o fim, que nunca acabará.

Terás sempre aquele poder em mim que me fará escrever e escrever. Ainda bem que assim é.

Estou muito grata por te ter desta maneira especial que só eu sei ter, que me permites ter.

Porque eu não mando no meu coração e foi ele, o meu coração, que tão bem te soube escolher".

 

As frases retiradas do livro "Morder-te O Coração" de Patrícia Reis:

 

"Acredita que começar de novo, sem ti, é como ter a consciência exacta da respiração. Tornou-se um exercício penoso de sobrevivência.

Nesta minha vida de cá tenho uma arca de madeira cheia de coisas de que não gostarias, de incompreensões e deveres, de doenças e fracas conquistas.

Vou contar-te tudo, sem mentir, enquanto olho para a árvore cor de rosa de copa perfeita, vou contar-te tudo alto, como se a minha voz pudesse chegar a ti."

 

 

Tanto tempo passou...

Tanto tempo vai passando...

Um dia, resta a esperança...

Um dia irás ler!                                                                                                        



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Segunda-feira, 21.04.08

"A Walk To Remember"

"O Pequeno Rei Mário"

"O Teu Nome Escrito Com Arroz"

"Missing"

O que tem este texto de diferente?

Ao contrário dos primeiros quatro, não é feito de recordações mas sim de sentimentos...

Sentimentos sentidos no momento...

O chamado "primeira coisa que me vem à cabeça" 

 

Não te parece que o mundo roda ao contrário?

Não te parece que há algo que deixou de funcionar?

Um dos pilares ruiu.

Sinto que o fim está próximo..

Não posso pensar mais, não posso falar mais.

Dou as boas vindas ao silêncio.

A solidão, que sabe tão bem ser minha companheira, alojou-se no coração.

O escuro, onde choro lágrimas incolores e sentidas, é um simples protector dos atentados que cometo sobre mim.

O silêncio... É o mais pesado.

Olha para mim...

Olha para o que ficou...

E não digas nada...

Não quero ouvir, não quero que fales só por falar.

Não quero favores.

Mas não te parece que o universo engoliu a Terra?

Não te parece que os relógios pararam e que tudo o resto não passa de ficção?

Houve alguém que se cansou da vida que não tinha, dos sonhos que não passavam de sonhos...

Houve alguém que desistiu...

Eu?

Porque não?

Porque não poderei fazê-lo?

Tu desistes de mim e eu desisto de mim... Já que não sei desistir de ti.

Se vires bem, se leres com atenção, sou mortal como tu mas há muito tempo que deixei de viver.

Parece história...

Parece mentira!!!

Nunca pensei...

Talvez devesse ter pensado...

Mas não pensei que pudesses ser a pessoa que mais amo e que mais odeio.

Como é estranho...

Como é improvável...

Como é desagradável o raio dos sentimentos!

Que estou eu a escrever?

Eu não te odeio... Talvez fosse mais fácil odiar do que amar.

E eu sei que não sou perfeita, não sou (embora queira ser) aquela alma sábia.

Não sou como tu...

Onde é que errei?

Saberás?

Onde é que falhei?

Respondes?

Onde é que me enganei?

Talvez ao pensar que serias para sempre meu.

Sempre foste meu... De uma maneira que só eu sei ter.

Da mesma maneira que, talvez, nunca aceitaste.

Há tanta coisa que não sei.

A palavra "talvez" começa a parecer-me insuportável...

A expressão "não sei" ultrapassa os limites da minha ignorância.

Só tu és dono da verdade.

Só tu sabes o "porquê".

Só tu tens a chave para este desespero onde vivo trancada.

Dá-me uma hipótese...

E não irei falhar.

Não irei decepcionar-te.

Sou tão ridícula... Tão parva!

Onde é que quero chegar com tudo isto?

A ti?

O que estou a fazer só me condena mais... Só me faz recordar mais de ti e mais e mais e mais...

Até que ponto irei aguentar?

Acho que o deixei de fazer há muito, muito tempo.

De qualquer maneira, e porque já me começa a meter uma certa impressão, terei de dizer-te o quanto continuas a ser importante.

Não o vou fazer de ânimo leve.

Irei ter horas de sufoco a pensar na tua reacção...

Não poderia ser mais fácil?

Somos pessoas... Nada do outro mundo!

Somos pessoas...

Que ideia mais idiota!

A ideia de dizer-te...

Vais condenar-me?

Não o podes fazer pois já atingi o meu limite.

Agora, tudo o que vier é tudo o que virá.

Pior não fica, disso tenho a certeza.

Não sei nada de ti e, não saber nada de ti, é mau.

Pior do que isso, é saber demasiado de mim.

É saber que não vivo sem ti.

É saber que me afundo um pouco mais em cada dia.

É ter a certeza de que não sou capaz de seguir um caminho... Seja ele qual for.

O meu caminho és tu e ponto final.

Ponto final...

Sem paragrafo nem travessão.

Pois é em ti que a minha vida começa e acaba ao mesmo tempo.

É em ti...

E é absurdo ainda não o saberes... Depois de tantas vezes eu o ter dito!

Em que dia?

A que horas?

Virás cá...

A mim só me interessa que venhas...

Nem quero saber do que tenhas para dizer...

Seja bom ou seja mau...

Apenas interessa que saibas... É sempre o que me interessa:

Que saibas, pois mereces sabê-lo.

Tens de saber...

Saber que isto ainda não acabou... Nem tão cedo acabará.

Simplesmente, tens de saber.

E tudo o resto deixará de existir.

Não vou querer estar à tua frente, posso até  nunca mais te ver.

Isso fica em segundo plano.

O importante é saberes... Até porque eu não tenho nada a esconder.

Nunca tive...

E há mais:

Mesmo que já saibas tudo isto, aposto que não sabes que eu escrevi o teu nome no céu.

Era noite, estava frio, era tão escuro...

Mas uma luz brilhava o suficiente para que eu o conseguisse fazer...

Era a luz da esperança... Nunca perdi a esperança.

E foi então que eu escrevi o teu nome...

Apenas o primeiro... Não esqueci que não gostas do segundo.

Rápido, sem meias medidas, sem prestar muita atenção à letra...

Escrevi o teu nome no céu.

É pena que não o tenhas visto.

Nessa noite dormi com algum do descanso que tão bem anda perdido.

Nessa noite sonhei contigo... Como sempre... Mas foi um sonho bom...

Um sonho que me fez acordar lavada em lágrimas... De felicidade!

Felicidade? Que ridícula...

Sei lá eu o que é felicidade.

Então, diz-me:

Não sou tão fácil de odiar?

 



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Domingo, 20.04.08

 

Tudo começou com "A Walk To Remember "...

Segui-se "O Pequeno Rei Mário" e "O Teu Nome Escrito Com Arroz".

Não foram planeados... Estes textos.

Mas aqui está:

 

Dizem que a palavra "saudade" é exclusiva da língua portuguesa...

Dizem que não há tradução possível.

É como o significado que a própria palavra tem...

Que significado lhe darias?

Eu dou-lhe os meus sentimentos.

"Saudade" é o que sinto mas que não sei explicar.

Se me obrigasses a definir a palavra "saudade" eu diria:
 

- É derramar lágrimas sempre que penso em ti.

 

Tenho saudades tuas.

 

Ou seja, penso em ti a toda a hora, sonho contigo nos trinta minutos que consigo dormir seguidos, espero encontrar-te sempre que ponho os pés fora desta casa...

Destas paredes.

Muralhas...

Muro das lamentações!

 

Por vezes ligo o rádio e digo para mim mesma que é a solução para ter uns minutos de descanso, mas é então que uma palavra, uma frase, uma melodia, traz-te de volta  mim.

Ligo a televisão. Tenho a certeza de que aquele filme será capaz de me envolver, de me afastar do meu mundo, mas aquele actor, nem sei o nome, é tão parecido contigo.

Tão parecido e tão diferente...

Espera! Já sei!
 

Os olhos... Os olhos dele são os teus.

Aquela expressão... Já te vi assim.

 

Encontro-te nos locais mais improváveis.

Encontro-te sem te encontrar... Pois não estás comigo.

Encontro-te sem te perder... Pois não cheguei a largar-te.

 

Fazes-me acreditar em anjos.

Pequenos anjos que descem à Terra com mensagens de esperança.

Fizeste de mim uma eterna criança.

Era criança quando te conheci e continuo a sê-lo pois ainda acredito no "Final Feliz".

Era assim que eu pensava que iríamos acabar:
 

 Sem acabar!

 

Tenho saudades tuas!

 

Se estivesse aqui, tudo o que ouvirias seria:
 

- Tenho

E as minhas lágrimas dir-te-iam o resto.

 

Ontem foi sábado.

Encontrávamo-nos sempre aos sábados... Lembras-te?

Parece que foi há tanto tempo!

Ontem foi sábado mas, no fundo, não quis encontrar-te.

Não quero ter de olhar para ti e dizer um simples olá, dois beijinhos, e a vida continua... Ou então estar com essa ideia (a de te encontrar) e não conseguir fazê-lo.

São coisas que me levam a parar.

Quero ver-te mas não quero ver-te.

Quero falar-te mas não quero falar-te.

Quero mas não quero.

Apenas quero que saibas que em nada mudaram os meus sentimentos mas não quero ser eu a indicar-te este caminho.

 

Sempre te vi acima das outras pessoas.

Tu próprio disseste que nem tu eras capaz de te ver em tão alta consideração.

Esses dias...

Eram dias de pura inspiração.

Tenho um caderno com cada um dos textos que me levaste a escrever. Um caderno, folha a folha, todo escrito...

Espero, um dia, oferecer-to.

 

Hoje, enquanto escrevo, não estou em frente ao computador. Estou à janela; aquela janela de onde vejo a montanha tocar no céu, lá longe... Quase tão longe como tu estás de mim.

Foi este céu que te deixou cair?
 

Foi naquela montanha que aterraste?

Já lá estivemos... Na montanha.

Há quanto tempo?

Não sei o "antes", não sei o "depois".

Mas sei que foi lá que dividimos o nosso primeiro cigarro.

Quantos se seguiram?

Hoje tudo é diferente...

Tu não fumas, eu não fumo, tu não pensas em mim e eu...

Eu continuo sem saber viver sem ti.

 

Ontem foi sábado...

Sabes o que estive a fazer?

Estive a ver o segundo e o terceiro filmes de "Os Piratas das Caraíbas".

E vi-os sem deixar de pensar em ti.

Um dia, estavas chateado, estavas indignado... Tudo porque o Marlon Brandon disse, numa entrevista, que considerava o Johnny Depp o melhor actor de todos os tempos.

Achei-te uma piada! (mais do que aquela que já achava)

- O Johnny Depp!

Dizias, incrédulo.

Sim, porque, para ti, o melhor actor é o Al Pacino.

 

É assim...

É sempre assim...

Passamos por tanta coisa, por tantos locais... Tantos momentos! Que me é impossível não pensar em ti a toda a hora, na mínima coisa, no mais pequeno dos pormenores.

 

Estás em tudo.

 

Ainda mais estás no meu coração.

 

E, eu, que tantas saudades tenho, ando a divagar por recordações.

Por memórias que, talvez, já nem te lembres.

- Isto aconteceu?

Poderás perguntar.

E eu digo que sim. Aconteceu e marcou-me ao ponto de eu não conseguir esquecer.

Como aquele dia, tão normal, em que eu ia a caminho da aula de Português e disse a elas:

- Vão vocês.

E voltei para trás só para estar contigo mais uns minutos.

- A tua aula?

Perguntaste.

E eu respondi com outra pergunta:

- Que interesse tem "Frei Luís de Sousa"?

E ali ficámos, cinquenta minutos, sentados no chão, a falar não sei do quê, sobre não sei o quê...

Ou como naquela aula teórica de Educação Física (que parvoíce!) em que ninguém ligava ao que o professor dizia...

Tu escrevias e desenhavas na capa do meu caderno preto (ainda hoje o guardo) e, por vezes, trocavamos ideias sobre música (sempre a música). Chegamos mesmo a cantar algumas... Muito baixinho.

 

- Isto aconteceu?

Podes perguntar.

E eu dar-te-ei todas as certezas.

 

Tenho tantas saudades tuas...

 

 

Escolhi uma música.

Lembras-te quando eu te dizia: "Hoje dedico-te..." e escolhia uma música?

Pois hoje escolhi palavras e sons que me fazem chorar sempre que as ouço.

Para ti:

 

Missing - Evanescence

 

 

Please, please forgive me

But I won't be home again

Maybe someday you'll look up

And, barely conscious, you'll say to no one:

"Isn't something missing?"

 

You won't cry for my absence, I know

You forgot me long ago

Am I that unimportant?

Am I so insignificant?

Isn't something missing?

Isn't someone missing me?

 

Even though I'm the sacrifice

You won't try for me, not now

Though I die to know you loved me

I'm all alone

Isn't someone missing me?

 

Please, please forgive me

But I won't be home again

I know what you do to yourself

I breathe deep and cry out

Isn't something missing?

Isn't someone missing me?

 

Even though I'm the sacrifice

You won't try for me, not now

Though I die to know you loved me

I'm all alone

Isn't someone missing me?

 

And if I bleed, I'll bleed

Knowing you don't care

And if I sleep just to dream of you

I'll wake without you there

Isn't something missing?

Isn't something...

 

Even though I'm the sacrifice

You won't try for me, not now

Though I die to know you loved me

I'm all alone

Isn't something missing?

Isn't someone missing me?

 


música missing - evanescence

publicado por mafalda às 13:16 | link do post | comentar | ver comentários (14)

Sexta-feira, 18.04.08

 

"A Walk To Remember"...

"O Pequeno Rei Mário"...

Este é o terceiro texto que te dedico...

Prevalece a esperança de, algum dia, os leres.

 

Estava no banho... Hoje, bem cedo.

A água saía a escaldar mas ao chegar ao meu corpo nada mais era do que gelo.

O vapor transformava-se em nevoeiro à medida em que os meus olhos se fechavam.

Rodei a torneira.

A água não poderia estar assim tão fria... Pareceu-me impossível!

Mas a torneira não dava mais, tinha atingido o máximo.

Senti-me tão perdida, tão incapaz...

Por momentos imaginei o mundo que me é exterior; as paisagens, as pessoas...

Tu.

E não pensei em mais nada.

Não sei de ti.

Sinto-te perto mas não tenho certezas pois sempre te senti comigo.

Não sei se estás a escassos metros de distância ou se estás naquela cidade (a mais alta)...

Não sei, sequer, se estás...

Se me dissessem que eu iria chegar a este ponto, eu diria que só podiam estar a gozar.

Foi no momento em que te perdi que soube o valor que tens.

Mas sempre te guardei perto do meu coração, tu sabes (foram tantas, e tão poucas, as vezes que eu to disse!), só não esperava que o teu nome ficasse gravado desta maneira tão profunda... Impossível de sair.

 

Conheces aquele tipo de massa em forma de letras?

Se eu tivesse que escrever o teu nome não hesitaria...

Optava por arroz.

 

Um dia, na nossa segunda escola, estavamos todos juntos.

Eu, tu, elas, eles... A maior parte da turma.

Não sei o que nos levou ali (tantas coisas que não sei!), mas ali estávamos... Todos juntos.

Não sei quem começou a falar ou porque o fez.

Apenas ouvi a Marinha a dizer alguma coisa sobre arroz.

E eu, tão inocente, disse que não sabia cozinhar arroz.

O que fui eu dizer?

Elas, incrédulas, perguntavam "o quê?", e a Marinha dizia que eu deveria ser filha da mãe dela...

Tu, tão querido, disseste que só sabias fazer sandes de cacau.

As palavras deixaram de viajar na minha direcção... Agora o alvo eras tu!

Sandes de cacau?

Ainda hoje não sei se falavas a sério mas uma coisa é certa: eu e o meu "não arroz" foram esquecidos.

 

Nesse mesmo dia, nesse mesmo local...

Estavas sentado em cima da mesa e eu estava à tua frente, numa cadeira...

Dei comigo a olhar para ti. E só dei comigo a olhar para ti porque a Sónia ria-se, ria-se, ria-se e eu fui obrigada a olhar para ela.

Foi nesse instante que percebi que o risso dela devia-se à minha expressão ao olhar para ti.

Naquela época dizia-se "toldada"... Fiquei toldada.

Não pensei em nada. Sabes?

Nem sequer pensei que estava a olhar para ti.

Estava só... A olhar para ti.

 

Num outro dia, nesse mesmo local...

Partilhámos um gelado.

Foi a primeira vez... E também a última.

Perguntei:

- Queres?

E tu aceitaste.

Era um corneto de morango. Nunca fui grande apreciadora de cornetos de morango mas, naquele dia, sem saber porquê, foi o que escolhi.

Ora tu, ora eu... O gelado foi desaparecendo.

Foi assim que aconteceu. Ali, em frente de todos, partilhamos um gelado com a maior das naturalidades e eles e elas, aqueles que sempre nos faziam companhia, não foram capazes de proferir um única palavra.

Limitavam-se a olhar...

E eu tenho uma teoria para isso: 

O gelado era nosso...

Meu e teu...

Eramos nós...

Tu e eu...

E de nós já eles esperavam tudo.

 

Não há muito tempo (e digo "não há muito tempo" se comparar com os acontecimentos em cima relatados), estavas tu na cidade alta e eu... Aqui!

Estava preocupada contigo.

Mandei-te uma mensagem e esperava ansiosa pela resposta.

Nunca foste de me fazer esperar mas, naquela noite, demoraste um tempo que me pareceu eterno.

Até que o telefone tocou...

Corri para lhe pegar, para ler as tuas palavras.

E disseste:

Que não me tinhas esquecido ("não esqueço a menina") mas tinhas tido um acidente de automóvel à saída do treino de andebol.

Acidente? Fiquei tão precupada...

Acalmaste-me... Disseste que tinha sido só um toque, nada demais.

O teu amigo distraíu-se ao sair do estacionamento e foi bater noutro carro...

Nada demais. 

Mas foi preciso resolver e foi por isso que a tua resposta demorou.

Então perguntaste-me se eu sabia fazer arroz.

Ri-me tanto!

- Não!

Respondi.

- Ainda não!

Chegaste tarde a casa (por causa do acidente), disseste, e ficaste sem jantar. Agora tinhas de preparar alguma coisa para comer.

Dei-te umas ideias. Cebola, azeite, água... Era assim que eu via o arroz a ser cozinhado.

Não te quis maçar mais. O dia não te estava a ser favorável.

Era tarde... Estavas cansado das aulas, do treino, do acidente...

No dia seguinte disseste-me que nem sequer tinhas posto sal. Que tinha ficado uma pasta tipo cola, que não estava minimamente comestível.

E depois contaste-me como é que tu e os teus amigos (companheiros de casa) se livraram do dito arroz.

Ri-me tanto... Outra vez!

 

Provocas em mim uma sensação de não saber como as coisas acontecem...

É isso que penso!
 

Não sei que caminhos me levaram até ti...

Não sei que palavras foram ditas para que também tu falasses.

Não sei o "antes"...

Não sei o "depois"...

Apenas sei que cada momento passado contigo é cada momento que não esqueço.

 



publicado por mafalda às 12:39 | link do post | comentar | ver comentários (22)

Quinta-feira, 17.04.08

 "O pequeno rei Mário" é uma série infantil que, actualmente, a rtp2 transmite.

Mário torna-se rei aos nove anos mas não deixa de ser criança.

Este texto vem na sequência de "A Walk To Remember " e, mais uma vez, é feito de recordações...

Recordações, é certo, mas não deixa de ser real.

 

 

Ela viu-me ao longe e não esperou que eu chegasse. Pegou na sua energia e foi ao  meu encontro.

- Eu vi-o!

- Viste quem?

- O Cristóvão.

O Cristóvão... Passei três meses a ouvir falar no Cristóvão... Mas não era possível que ele estivesse ali, ela tinha-me dito que ele ia para o Luxemburgo.

- Ele não foi para o Luxemburgo?

- Claro que foi! Mas eu vi um rapaz igualzinho a ele, estou mortinha por to mostrar.

Era o primeiro dia de aulas (os anos que já se passaram!) e sabíamos que a nossa escola iria deixar de ser nossa.

Fomos os primeiros alunos daquelas instalações, ainda não estavam as obras acabadas quando lá chegámos... No ano anterior.

Naquele dia sabíamos que novos alunos iriam chegar, mais pessoas que se iam meter entre nós e as paredes que guardaram os nossos segredos durante um ano.

- Anda!

O entusiasmo dela deixou tudo esquecido. Ela queria-me mostrar o "Cristóvão" e nada a parava.

- Não vais acreditar! Estava a ver se já tinhas chegado quando o vi, ele estava ao cimo das escadas. Aquelas escadas cá de fora. É tão parecido com o Cristóvão... Por momentos pensei mesmo que era ele.

A nossa busca pelo "Cristóvão" não deu grande resultado...

A campainha tocou, ela ficou chateada por não ter mais tempo e eu fiquei aliviada por me livrar daquela procura.

Quando chegamos à sala a minha vida começou.

- Olha ele!

Eu olhava mas não via quem quer que fosse.

- É ele, é ele!

Ela falava baixo e sem dar nas vistas mas não parava de olhar para ele, o seu "Cristóvão".

Não vi, não quis ver, não quis olhar. Já sabia como ela era: agora era o "Cristóvão", amanhã era o "Carlos", etc.

Mesmo quando entrei naquela sala, a sala de ciências, não reparei em ti. Eram muitos rostos diferentes misturados com os rostos do ano anterior... As apresentações começaram; um a um, iamos dizendo os nossos nomes, a morada, o número de telefone.

Ela quis apontar o teu número (sabe-se lá porquê) e eu fiz-lhe a vontade.

O número, o teu número, nunca nos foi útil, nunca o utilizámos, nunca, sequer, pensamos em utilizá-lo. Mas foi nesse instante...

Virei-me e vi-te. Estavas atrás de mim, na mesa em que bastava eu olhar por cima do meu ombro para te ver.

Pensei que ela não estava boa da cabeça... Eras tu o seu "Cristóvão"? Não podias ser o "Cristóvão" de alguém por que eras o meu...

Esperei que chegasse a tua vez para ouvir o teu nome.

- Mário.

Disseste.

Eras o meu Mário!

Quando a hora terminou só de ti ouvi falar... Mas ela continuava a chamar-te de "Cristóvão" e eu tinha de a corrigir.

Aquele dia foi assim... Era dia de apresentação!

Um dia que se resumiu a uma hora... A primeira hora em que estive na tua presença.

Eu e ela voltamos para casa e todo o caminho foi "Cristóvão" e, sem parar, eu corrigi-a.

- Pára lá com isso! O rapaz chama-se Mário.

Foi então que ela disse que o Cristóvão passara à história.

Não me preocupei... No dia seguinte ela já te tinha esquecido.

 

Eras diferente.

Eramos apenas pequenas crianças com o mundo para descobrir e eu não sei porque foste tu aparecer.

Porquê tu?

 

Acreditas no destino?

 

Mas eras diferente.

Esses dias foram passando e, mesmo que nem sempre nos tenhamos dado bem, sempre mexeste comigo.

Não disse que gostava de ti, nesses tempos, não o disse a ti nem a ninguém.

Talvez nem eu própria acreditasse nesse sentimento mas é hoje, ao recordar-te, que as minhas certezas não deixam dúvidas: sempre gostei de ti.

 

Escrevi-te uma carta.

Podes pensar que foi uma coisa de menina. Uma coisa normal de crianças... Mas, se o pensaste, sabes que te enganaste.

Eu acho que sempre soubeste que eu gostava de te escrever e tu? Tu lias-me; era o que eu precisava.

Não escrevi os meus sentimentos, eu queria negá-los, apenas escrevi que a tua presença mudou a minha vida, e não menti.

Uma vez, estavamos na sala multi-média (se assim se pode chamar) a ver publicidade. Parece ridículo... Tinhamos de prestar atenção ao número de vezes que cada produto passava em determinado tempo de publicidade. Naquele tempo, os champos sagraram-se vencedores. Não sei o que nos levou a esse estudo, não sei para que serviu a conclusão, apenas recordo a nossa conversa sobre os teus olhos.

Nunca tiveste jeito para lidar com elogios mas, naquela hora, falamos dos teus olhos. Porquê?

Não sei.

 

Acreditas no destino?

 

Essa carta (quantas se seguiram?) foi depois desse dia.

Não recordo tudo o que escrevi...

Apenas tenho a certeza que mencionei esta viragem que ainda hoje não acentou e a cor dos teus olhos.

Estava indecisa, sabes? Tu não eras como os outros rapazes (nunca foste). Eu não sabia como irias reagir, até porque as coisas não começaram bem entre nós.

Depois do dia da apresentação tivemos tantos arrufos, tantas pequenas discussões que passados poucos minutos tinhamos esquecido!

Mas a carta... Estava nas tuas mãos.

Quis fugir, esconder-me de ti para não ter de te enfrentar.

Apanhaste-me fora da escola, era hora de ir para casa, mas mesmo assim apanhaste-me e disseste:
- Os meus olhos são castanhos.

Nem mais uma palavra...

Sei que os teus olhos são castanhos, tive vontade de responder.

Eu não disse nada, percebi que aquela era a tua maneira de dizer "li a carta".

 

Sempre foste tão diferente...

Eras apenas um menino mas tinhas, e tens, alma de sábio.

 

Na outra escola, a poucos quilómetros da primeira, já nós eramos "crescidos" (sem nunca deixar de ser criança).

E foi nessa escola que aconteceu a maior prova da angelidade que possuis.

Foi um momento que muitos podem considerar sem importância, talvez tu já o tenhas esquecido, mas eu não esqueço, não posso esquecer.

Lembras-te da tua lista?

Tinhas uma lista com o nome dos cd's que querias comprar e, um dia, mostraste-ma. Eu não percebi, nunca fui boa a perceber a tua letra, mas sabia que era o teu objectivo.

Sabia, e não era segredo para ninguém, que tinhas uma queda para a música... Aprendi tanto contigo!

E aquela lista era a lista dos teus desejos mais preciosos e, no entanto, eram apenas nomes de álbuns e grupos... O que de mais importava para ti.

Foi então que num dia, numa aula de métodos calculativos, chamaste-me muito baixinho, sem que a professora ouvisse, sem que mais alguém ouvisse.

E eu olhei...

Olhei para trás e tu tiraste um cd.

"Issues", Korn.

Já me tinhas falado nesse álbum, já tinhamos trocado ideias sobre o primeiro single.

E ali estavas tu, feliz, com ar de criança que ganha o seu primeiro brinquedo.

E eu quis brincar contigo, quis dizer-te umas coisas e ver a tua reacção.

- Empresta-mo!

- Mas, Mafalda, comprei-o hoje.

- Trago-to amanhã.

Sem perguntas, sem contrapartidas, passaste o cd para as minhas mãos e voltaste a prestar atenção à aula... Como se nada tivesse acontecido.

 

Tive de parar de escrever este post.

Tive de sair desta sala

Tive que ir lá fora ver se o mundo ainda estava de pé.

As lágrimas vão saindo, sabes? Não é de dor, é por recordar, é por ainda não ter percebido a tua atitude desse dia.

Como é que foste capaz de me entregar o cd se tanto valor lhe davas? Eu sabia. Eu sabia que, para ti, aquele cd era um pequeno tesouro. Estavas tão entusiasmado por o ouvires... Mas esperaste... Esperaste que eu o ouvisse primeiro.

Sem condições, sem dizeres "promete que o trazes amanhã"... Nada!

Não sabes que foi aí que as minhas defesas cairam e eu rendi-me, finalmente, a teus pés.

 

Acreditas no destino?

 

Estava disposta a esquecer...

Estava quase a esquecer-te...

Até ver o nome de um filme, o título de uma música, a matrícula com as tuas iniciais...

Até que ontem liguei a televisão e no canal dois aparece o genérico de uma série infantil... "Pequeno Rei Mário".

E eu disse:

- Pequeno Rei Mago.

Desta vez foi alguém que me corrigiu:

- Rei Mário!

 



publicado por mafalda às 10:30 | link do post | comentar | ver comentários (22)

Terça-feira, 15.04.08

 

"A Walk To Remember"... É uma obra de Nicholas Sparks.

Tal como "Message In A Bottle" ("As Palavras Que Nunca Te Direi") e "The Notebook" ("O Diário da Nossa Paixão"), "A Walk To Remember" foi adaptado ao cinema.

Na sua tradução para português o livro dá pelo nome de "Um Momento Inesquecível" e o filme "Um Amor Para Recordar".

 

 

 

Domingo à noite, estava a fazer a minha ronda pelos canais, nenhum programa foi capaz de me cativar então continuei, continuei, continuei... Até que chego ao TvCine4 e, mesmo antes de aparecerem imagens, apareceu a faixa azul e preta que indica o nome do filme que está a passar e o próximo.

Logo ali eu parei...

"Um Amor Para Recordar", estava escrito.

Não vi, confesso.

Não quis ver.

 

Quantas vezes folheei o livro?

Quantas vezes o fiz ao pensar em ti?

Quantas vezes vi o filme sem pensar em ti?

Quantas vezes o vi sem chorar?

"Sempre!", é a resposta às primeiras duas perguntas.

"Nunca!"; é a resposta às outras duas.

 

É estranha a maneira como a vida dá a volta e só nos apercebermos no final... Quando não bate certo.

 

Não quis cair na tentação de voltar a esse canal, de voltar a ver aquelas imagens de um amor impossível... Os amores de Nicholas Sparks são sempre impossíveis.

Fui visitar blogs de pessoas que me dizem capaz de prosseguir, de te deixar esquecido.

Um após o outro...

Até chegar à "Bichana" e à música que ela escolheu...

"I want to know what love is, I want you to show me,

I want to feel what live is, I know you can show me"

 

Quantas vezes ouvi este refrão e pensei em ti?

Quantas vezes o ouvi sem que o aperto no coração desse sinal?

Sempre e nunca.

 

Estava traçado...

 

Hoje dei comigo atrás de um carro com a matrícula MJ... As tuas iniciais.

Se pensei que te esqueci, estava muito enganada.

 

Digo para mim que te esqueci, que não quero saber, que já não importas...

Mas na hora de dormir é em ti que penso, é a ti que vejo, é por ti que chamo.

 

Memórias vão passando por mim.

Segundo a segundo...

A última conversa, a última mensagem (à qual não respondeste), a última vez que te vi.

 

Estava a sair do parque de estacionamento do estádio, lembras-te?

Tive de parar para dar prioridade a quem passava na rua principal.

E tu passaste...

Estava perdida nos pensamentos quando te vi... Sem ter a certeza que eras tu.

Cumprimentaste-me.

Levantaste a mão e seguiste.

Fiquei, por momentos, a pensar se eras tu, se era imaginação.

Quando entrei naquela rua, já tu ias distanciado de mim.

Parei para ir ao supermeracdo e fiquei a ver-te.

Seguiste...

Por aquela rua interminável até ao momento que deixei de ver o branco do teu carro e voltei a mim.

Apenas eu voltei a mim... Pois nada voltou a ser o que era.

Não recordo as horas que se seguiram, estava demasiado nas nuvens para o fazer.

Quando cheguei a casa peguei no telemóvel e a mensagem foi curta:

"Olá"

E tu dizes:

"Olá... Vi-te hoje"

Eu digo que sim, que não tinha a certeza que eras tu (foi tudo muito rápido) mas que já não tinha dúvidas.

Tu concordas...

Foi a última vez que te vi em pessoa (estás sempre nos meus sonhos) e foi a última conversa que tivemos... A última conversa real (falo contigo todas as noites).

 

Eu sei que já não andavamos bem, nós já não eramos "nós".

Nem sei porque escrevo no plural, por vezes tenho a sensação que "nós" era "eu", mas não te culpo. Talvez eu tenha sonhado em demasia, talvez eu visse sentimentos onde eles não existissem, talvez eu...

Talvez eu te tenha dito que te amava e talvez tu tenhas achado cedo demais.

Talvez...

Dez anos... Cedo demais?

Ainda hoje não te percebo.

Talvez o que tu visses em mim não fosse aquilo que eu via em ti.

Mas condenas-me por isso?

Achas que o teu silêncio vai mudar alguma coisa?

Juro que não te percebo!

 

Por vezes, ao pensar em ti, sorrio e nos meus olhos formam-se lágrimas que não travo.

Sorrio e choro...

Não é assim o amor?

 

Há sempre um minuto por dia em que tenho vontade de pegar no telemóvel e apagar o teu nome... Nunca o faço.

Há sempre um minuto por noite que quase levanto a cabeça da almofada e abro a gaveta disposta a rasgar as tuas recordações... Nunca o fiz.

 

Recordo aquela que foi a nossa última conversa cara a cara.

A última conversa séria.

Aquelas palavras que disse, que disseste... E eu ouvi a tua voz.

Foi num sábado à noite (o tempo que já passou!), em frente à Câmara Municipal, na rua que dá para o bar do costume.

Estavas tu com os teus amigos quando me viste a aparecer e eu notei que o teu sorriso foi sincero.

Distanciámo-nos do grupo, encostaste-te a um carro e eu permaneci de pé... E falamos, falamos.

Houve um ou outro momento em que fomos interrompidos; como aquele instante em que um amigo teu (o nome não ficou na minha memória) pediu-te o telemóvel emprestado, ou quando outro se aproximou para dizer não sei o quê (estava demasiado perdida em ti para me lembrar) e tu apresentaste-me. Esse teu amigo diz-me "ele disse-me que gosta de ti" e eu "pois gosta", o mesmo amigo que te diz "ela disse-me que gosta de ti" e eu "é verdade"... Tu sorris, com esse sorriso que só tu sabes ter. Eu sorrio, também.

As verdades que se diz sem se saber!

Ficámos mais uns minutos. Minutos que me pareceram meros segundos.

E tu foste... Eu vi-te a ir... E fui...

Fomos para longe!

Depois disso, só um cumprimento, só um olhar.

 

Como foi que aconteceu?

Porquê?

 

Não sei nem tão pouco sei se sabes.

 

Fui eu?

Foste tu?

 

Acho que não quero saber.

 

Quem me dera que descobrisses este meu cantinho e lesses tudo aquilo que eu tanto te quero dizer.

Quem me dera ter coragem para te indicar este caminho e dizer-te "o que lá está, está para ti".

Quem me dera que tu percebesses que fiquei a meio do caminho.

Estagnei...

Congelei...

Não mais continuei.

 

Terá sido a nossa história "um momento inesquecível"?

Será "um amor para recordar"?

 

Há tantas coisas que não sei, que não tenho como saber, que talvez nem tu saibas ou queiras saber.

Mas também tenho certezas.

Como a certeza do amor...

O amor que não sei explicar mas que sei que sinto.

 



publicado por mafalda às 13:17 | link do post | comentar | ver comentários (46)

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