Às vezes desejo o desaparecimento do mundo e poder ficar sozinha, sossegada a ouvir a alma.

Queria sentar-me num canto e ver, sem ter medo de olhar, o que tenho vindo a construir de um reino de sonhos que se transformou em ruínas.

Às vezes desejo subir aos céus e deixar-me lá estar até te encontrar e saber as respostas.

Quero parar esta contagem decrescente!

O meu pensamento viaja para lugares que nunca poderei visitar numa jornada de objectivos falhados pois continuo sem saber por onde descansas.

Rastejo mais um metro a caminho do fim mas o esforço passou a ser desnecessário desde o dia que passaste por mim e não me estendeste a mão.

Será que não percebes o quanto preciso da tua ajuda?

A minha voz não chega a ti nem o sofrimento que sinto te faz pensar duas vezes.

Olha para trás! Olha para mim!

Quero parar esta contagem decrescente... Sou a tua bomba relógio.

Apenas queria sossego no momento da reflexão mas isso é impossível porque estás em tudo para onde olho e mesmo quando fecho os olhos invades-me o pensamento como eterna assombração.

Será que não ouves o teu nome chamado pelo meu desespero?

Estou a um passo de rebentar...

Estou a segundos de desligar os fios que me ligam à vida e deixar-te despedaçar-me por uma vez.

O relógio faz tique taque .

Sou o teu engenho explosivo.

Tique taque .

O fim aproxima-se.

E o relógio faz tique taque .

Não quero ouvir-te agora, deixa-me morrer com alguma dignidade.

Tique taque .

É tarde para desculpas.

E o relógio faz tique... Já sem tempo para o taque .