*Tiro do bolso a minha moeda da sorte de uma rupia.
- Caras, a resposta é A, coroa, a resposta é C. Ok?
O público contém a respiração, perplexo ante o meu desassombro. O Prem Kumar acena com a cabeça. Os olhos voltam a brilhar-lhe.
Atiro a moeda ao ar.
Todos os olhares seguem o seu voo, quase em câmara lenta. Deve ser a única moeda de uma rupia da história de que está dependente um bilião. Cai sobre o tampo da minha mesa e fica a rodopiar antes de se imobilizar. O Prem Kumar inclina-se e anuncia:
- Caras!
- Nesse caso, a minha resposta é A.
Este excerto do livro "Quem Quer Ser Bilionário?" mostra na perfeição a confiança que Ram Mohammad Thomas depositava na sua moeda da sorte.
Ao longo de toda a história, Ram guiava-se pela sua moeda mas sempre escolhia "caras".
"Se sair caras, faço"
"Se sair caras, vou"
"Se sair caras, confio"
E assim traçou o seu destino.
Isto fez-me pensar que todos os dias, em todas as horas, todos nós lançamos moedas ao ar: as escolhas que fazemos, os caminhos que seguimos, as opções que realizamos... Mesmo quando fazemos "pim-pam-pum" estamos a contribuir para o nosso destino.
Mas será mesmo assim?
Não haverá um qualquer instinto dentro de nós que nos guia?
Como vou provar em baixo, a sorte... somos nós que a fazemos :)
*- Nessa mesma noite, quando te levei para minha casa, antes de me contares a tua história, atiraste uma moeda ao ar. Porquê?
- Não tinha a certeza de poder confiar em ti. Atirar a moeda ao ar era a minha maneira de decidir. Se saísse cara, contava-te tudo. Se saísse coroa, dizia-te adeus. Mas saiu cara.
- Portanto, se tivesse saído coroa em vez de cara, não me tinhas contado a tua história?
- Não podia sair coroa.
- Acreditas assim tanto na sorte?
- O que tem a sorte a ver com isto? Olha, repara bem nesta moeda.
Tiro a moeda de uma rupia do bolso do casaco e estendo-lha.
A Smita examina-a, vira-a e revira-a.
- Mas... é cara dos dois lados!
- Exactamente. É a minha moeda da sorte mas, como te disse, a sorte não tem nada a ver com isto.
*"Quem Quer Ser Bilionário?", Vikas Swarup
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o estranho caso de benjamin button
o que aqui revelo é para ficar entre nós