Ela chegou...
Os pés descalços tocaram a areia e logo ali ela soube que estava em paz... Uma paz que a atormentava pois as imagens do passado, ela sabia, nunca desapareciam.
Consigo ver...
A sua expressão serena nada mais é que um engano à primeira vista. Quem olhar com atenção sabe que agora ela está perdida nos pensamentos, à procura de uma resposta ou de uma simples razão para não se afogar naquele mar de desilusões que se estende à sua frente.
Passo após passo... Ninguém sabe ao certo para onde se dirige, nem mesmo ela...
Vejo...
Com um movimento frágil limpa a lágrima que o seu coração deixou escapar e respira... Sente o ar a entrar nos pulmões e retoma o passeio.
- Porquê?
A pergunta viaja no ar e volta sem resposta.
O coração parece quer-lhe sair do peito... E é nesse instante que ela percebe que esse coração, o seu coração, ainda está com ela.
- Ofereci-to!
Disse ela... Baixinho como que nem ela própria quisesse ouvir tão cruel palavra.
Terá sido o seu amor em vão?
Terá sofrido às mãos do destino?
Ninguém sabe como responder...
Ela fechou os olhos? Não tenho a certeza...
Mas sei que se sente sozinha, que precisa de um abraço, de um ombro, onde desabafar, onde chorar sem receio de ver as lágrimas que derrama.
Como é pesada a saudade!!!
A areia envolve os seus pés e, logo de seguida, as ondas do mar arrastam esse refúgio...
Como a sua vida...
É verdade; houveram momentos em que ela estivera protegida, longe dos perigos, mas hoje ali está ela... À procura de sossego, ao encontro de sonhos que, em tempos, julgara ser a sua realidade.
- Não sei!
É tudo o que ela sabe...
- Não sei qual o caminho que escolheste!
- Não sei o que te levou a ir!
- Não sei que silêncio é este que todos os dias me ofereces!
- Não sei onde viste o erro!
- Não sei....
- Não sei porque não me dás motivos, porque não explicas, porque não estás aqui!
O vento liberta o seu cabelo e ela permenece...
De pé...
Olha o mar, olha o céu, e vai respirando como se o ar aliviasse a dor que ela carrega.
O vento acaricia a sua face e ela permanece...
Sozinha...
Fecha os olhos e vê a cara dele, o seu sorriso, o seu olhar.
- Como pude acreditar?
Outra lágrima que cai... Mais uma lágrima por ele...
Vejo...
Ela dá um passo em direcção ao mar, os olhos cerrados, como que guiada pela vontade de desaparecer.
Outro passo...
E pára!!!
A água cobre os seus pés, sobe aos tornozelos.
- Deixa-te ir!
Grita a consciência.
- Não posso aceitar a derrota.
É a resposta que ela encontra.
Tantos sonhos desfeitos, tantos motivos para chorar...
Mas ela sabe... Ele não merece!
Tantos desejos jogados ao lixo, tantas razões para chorar...
Mas ela sempre soube... A dor vai abrandar.
Tem dentro de si uma luta... Uma batalha que será eterna.
Entre a dor do coração (que não sabe viver sem ele),
E a certeza da consciência (que se recusa a levar com as culpas).
O sol esconde-se, é hora de deixar a lua brilhar.
O frio começa a fazer-se sentir mas ela não quer sair, não quer abandonar aquele instante de libertação.
No céu, anjos e demónios dão as mãos numa tentativa de transmitirem esperança.
Esperança...
Que esperança poderá ela ter?
Viu a sua vida a afundar-se nos destroços infindáveis do seu próprio coração!
Ela não sabe... Mas vai saber...
Que, um dia, terá nas suas mãos o destino deste mundo e será rainha no seu reino imaginário, moldado aos seus sonhos, pintado pelos seus desejos.
Um dia...
Não será hoje, não será amanhã...
Será num dia!
As primeiras estrelas aparecem no céu escuro, quase tão escuro como a sua alma, mas ela não as vê... As lágrimas são grossas e saem sem esforço.
- E assim acaba?
Mais uma pergunta a juntar a todas que faz sem ter quem lhe responda...
É então que vejo...
Sei que vi...
Um anjo desceu dos céus e envolveu-a com as suas asas macias e doces.
Ela ainda não sabe...
Uma sensação de paz envadiu o seu corpo em mil emoções que nunca antes sentira.
- Isto não é o fim!
As palavras que ela disse...
- É apenas o princípio!
Finalmente, percebera.
As ideias começaram-se a formar e a conclusão não tardou:
- Eu sei que serei forte, eu sei que terei momentos de fraqueza, eu sei que nunca me hei-de esquecer de ti mas também sei que não posso permitir que me atormentes, eu sei que sentirei saudades tuas, sei que haverá segundos que me esquecerei da tua cara. Tenho a certeza de que a tua presença nunca me abandonará mas não vou deixar que sejas uma sombra. Vou lutar... Não por ti, não por o teu amor, mas sim pela minha vida, pelos
sonhos que não conseguiste destruir.
E um anjo chorou.
Ela não sabe como foi capaz de pronunciar tais palavras... Palavras de esperança.
Tantas coisas que não sabe...
Mas sabe que não estará sozinha... Haverá sempre pelo menos uma alma no mundo que lhe faça companhia.
Tantas coisas que aprendeu.
E o anjo subiu aos céus... A missão fora cumprida.
Ela virou as costas ao mar...
O mesmo mar de incertezas, de sofrimentos, de apertos... De solidão.
E caminhou.
Sorriu...
E voltou de novo a ser ela.
Desejo, desde já, uma óptima semana a todos que me visitam.
Beijinhos para voçês...
Em especial para "aminhadortemoteunome" a quem dedico este post com todo o meu coração.
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