(imagem retirada da internet)
Era uma vez uma menina que todas as noites do mês de Dezembro se sentava numa pequena cadeira de madeira e ficava a admirar a rua. Com o seu casaco branco de lã e com um coelho de pelúcia na mão, a menina via as casas dos seus amigos cheias de luzes brilhantes de todas as cores; ela nunca tinha visto, mas sabia que dentro de cada uma dessas casas existia uma árvore enfeitada com bolas, bonecos, fitas de todas as cores e mais luzes que piscavam… Era a Árvore de Natal!
- Mãe, porque não temos uma árvore de Natal?
Mas a mãe estava demasiado ocupada a tratar do bebé.
- Pai, porque não temos árvore de Natal?
Mas o pai tinha adormecido em frente à lenha que crepitava na lareira.
Naquela noite, a menina sonhou que se encontrava numa floresta de árvores de Natal onde todas as cores do mundo se juntavam dentro de pequenas luzes e piscavam, cintilavam, ligavam e desligavam ao som de uma música que a menina não conhecia… Foi o seu melhor sonho!
De manhã, antes de sair de casa, a menina vestiu o seu casaco branco de lã e saiu para a rua; estava frio, estava sempre frio naquela altura do ano, e as luzes já não piscavam, apenas existiam fios verdes em volta dos alpendres e dos jardins.
- São estes fios que escondem as cores que eu vejo quando o sol vai dormir – disse a menina, baixinho.
O Natal passou, veio mais um ano… Mais um Natal que chegou.
Da janela da cozinha, sentada na mesa cadeira, com o mesmo casaco branco de lã e com o seu coelhinho de pelúcia, a menina via os seus amigos que ajudavam os pais naquela que parecia ser uma dura tarefa…
Fios para um lado, fios para o outro lado…
De repente todas as casas pareciam libertar magia e mais uma vez as luzes brilhantes que piscavam voltaram a acender.
- Porque não temos árvore de Natal?
A pergunta foi feita para o ar. A menina sabia que nunca ninguém lhe responderia a isso, ou então diziam “isso é coisa de rico” e coisas assim! Ela não compreendia…
Os anos foram passando e a menina cresceu!
Um dia, quando ela já era crescida, entrou numa loja e viu uma bonita estrela amarela; ficou encantada…
Ela gostou tanto, tanto, tanto mas tanto da estrela que não resistiu a pegar-lhe; viu de um lado, viu do outro, e achou-a perfeita!
- Posso ajudar? – perguntou-lhe uma empregada que se encontrava ali por perto.
- Não, não! Não se incomode! Eu gostei imenso desta estrela, acho que vou comprá-la.
- Faz muito bem! Quer saber o segredo que essa estrela guarda?
- Segredo? – perguntou a menina.
- Ora veja!
E a menina viu…
A empregada tirou um fio da caixa onde a estrela estava pousada, muito cuidadosamente ligou uma extremidade desse fio à estrela e a outra extremidade foi ligada a uma tomada de parede.
Como por magia, uma infindável e inexplicável magia, a estrela deixou de ser amarela e transformou-se numa mistura de cores que piscavam ora aqui, ora acolá.
A menina ficou incrédula!
- É bonita não é? Faz-me lembrar a aventura que era ajudar o meu pai a decorar a casa e a árvore de natal – confidenciou a empregada.
A menina estava enfeitiçada! Todas as cores que ela via da janela da sua pequena cozinha estavam ali, na sua estrela. Então não quis saber de preços, embora tivesse pouco dinheiro; não quis saber do facto de não ter uma árvore onde pousar a estrela… Finalmente, o mistério das luzes que piscavam seria seu!
De volta à sua casa, que já não era na mesma rua nem era dos seus pais, porque a menina já era crescida, ela recordou todos os natais que passava a perguntar-se por que motivo não poderia ter luzes que piscam e uma árvore enfeitada. Ela recordou todas as vezes que se sentava na cadeira com o seu coelhinho e, vestida com o mesmo casaco branco de lã, ficava a admirar a sua rua. Lembrara-se de todos os pormenores mas faltava uma coisa… Ela não sabia dizer ao certo quando deixou de acreditar na magia do Natal!
- Está decido! Este Natal vai ser diferente! – pensou.
Quando entrou na sua pequena casa, a primeira coisa que fez foi correr para o quarto e pegar na lata onde guardava o dinheiro que, a esforço, conseguia poupar; no dia seguinte voltou à mesma loja e comprou um pinheirinho solitário que só estava ali por ser tão desajeitado e pequeno… Todos os outros pinheiros, os grandes e bonitos, tinham esgotado num abrir e fechar de olhos, mas a menina não queria saber desses pormenores, ela apenas queria um pinheiro que pudesse enfeitar!
E assim foi… Depois do pinheirinho, vieram as fitas, as bolas e um pequeno emaranhado de fios decorados com imensas luzinhas.
O resultado final não poderia ser melhor! Finalmente a menina tinha a sua árvore e, sem esquecer, a estrela onde as cores todas do mundo dançavam e piscavam.
Nunca mas nunca mais, a menina deixou de festejar o Natal!
- Avó, conta mais! – pediu a criança que não parava de pular em cima da cama.
- Não, netinha! A história acaba aqui! Já são horas de dormir!
- Mas… Nem sequer me falaste dos presentes que a menina recebeu!
- Oh minha querida, naquele tempo os meninos não recebiam presentes como agora.
- Naquele tempo?
- Sim, pequenina! Vá, agora são horas de sonhar!
A criança deitou-se sem protestar e adormeceu assim que a avó lhe deu um carinhoso beijo no seu pequeno nariz.
A avó, que tinha sido menina, dirigiu-se ao seu quarto e tirou uma caixa que escondia debaixo da cama; fechou os olhos por momentos e abriu o pequeno tesouro… O seu casaco de lã já não era tão branco como fora outrora e o seu coelhinho de pelúcia sorria para ela.
nota: texto de ficção criado por mim para a "Fábrica de Histórias"
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